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Olhos de indignação em Pindamonhangaba


Pronto Socorro de Pindamonhangaba alagado pelas chuvas - Foto Patricia Ribeiro

As chuvas que ocorreram neste final de tarde assustaram a população de Pindamonhangaba e Taubaté.

Tivemos no último sábado (12) uma grande precipitação que indicou o início das chuvas fortes de verão.

Entretanto, a quantidade que precipitou nesta tarde, de acordo com o CEMADEN - Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, registrou 70 mm de chuva em apenas uma hora de duração em Taubaté; 50 mm em Pinda e 40 mm São José dos Campo. Isso corresponde a mais de um terço de todo o volume esperado para dezembro, de 200 mm. Conforme o CEMADEN há mais previsão de chuvas para esta quinta-feira (17).

Diante dos olhos assustados dos membros do nosso Grupo de Afinidades da rede social Facebook, centenas de novos membros solicitaram permissão esta noite para compartilhar a situação da cidade e dos pontos por onde passavam. Todo centro comercial de Pindamonhangaba no entorno do Mercado Municipal, o bairro do Campo Alegre, regiões mais baixas como o Mombaça e o acesso para o bairro do Santana sofreram com alagamentos invadindo casas, lojas e fechando passagens.

Conversamos com Patricia Ribeiro (29 anos, Auxiliar de Produção) por mensagem instantânea após o compartilhamento de sua foto lá no Grupo Facebook. Patricia encontrava-se no Pronto Socorro esperando ser atendida quando a água começou a invadir pela entrada de Emergência.

"Aquela sala é a última que dá entrada pra Santa Casa onde ficamos aguardando resultados de exames etc. Aquela água veio do lado da Santa Casa. A princípio foram algumas goteiras que já fizeram as pessoas saírem dali se dirigindo a entrada. Ficamos eu e apenas algumas outras ali quando de repente começou a entrar água sem parar. Aí colocamos os pés nos bancos para não molhar. Funcionários tentando limpar rapidamente mas como tinha muita água entrando só conseguiram quando a chuva cessou mesmo...Os pacientes não foram removidos pois nem haveria pra onde mandá-los já que estava totalmente lotado PS hj. Fui atendida sim depois de quase 10 horas de espera...!"

O grupo Olhos de Pindamonhangaba na rede social Facebook foi o meio que a população encontrou de demonstrar medo e indignação. Demonstrações de insatisfação não foram somente contra a administração pública responsável pela manutenção do boeiros e bocas-de-lobo mas sim, também contra a própria população.

Foram mais de 50 registros dos membros e quase 1000 compartilhamentos. Somente o post de Patricia foram 490, a mais compartilhada do Grupo até o momento que conversamos com ela. Registros da cidade de Taubaté também fizeram parte da indignação em nosso espaço com muitos carros submersos no estacionamento do Shopping Taubaté.

A questão do lixo descartado de forma irresponsável pela população pode sim, ser um dos grandes responsáveis pela situação desta quarta-feira e, o grande volume inesperado de água foi o estopim para demostrar o que se esconde sob anos de gestões ineficientes, de planejamento urbanístico arcaico e dos pequenos atos inconscientes do cidadão. Tudo começado sim, por alguém que lançou pelas costas aquele papel de bala, aquela bituca de cigarro, aquelas embalagens de cerveja, salgadinho e supermercado. Do saco de lixo rasgado pelo cachorro abandonado e, até daquela caçamba empanturrada até as bordas!

Diante de tantas demonstrações sobre a crítica situação que a cidade se apresentou "pipocando" aqui e ali, não tivemos como restringir tantas reações.  Apesar do Grupo aberto "Olhos de Pindamonhangaba" ser criteriosamente administrado de forma a não perder seu propósito e conceito de valorização e reconhecimento, restou-nos respeitar este momento e permitir que isto se tornasse um assunto sério a ser refletido.

E, definitivamente, é chegada a hora (ainda que tarde demais) de todos nós repensarmos sobre nossos atos inconsequentes. de sermos responsáveis pela degradação do qual vivemos e sermos capazes, competentes e amadurecidos o suficiente para corrigirmos erros.

Bora começar olhando pra dentro de nossas casas, nos caminhos pelos quais andamos até, o lugar onde queremos chegar, ou seja, num mundo melhor!



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